Mulheres À Força - Pedro Lomba, Diário de Noticias
Consideremos os argumentos de quem defende a lei da paridade e as quotas para as mulheres na política. São eles que têm o ónus de argumentar a seu favor, de nos convencer. Alguns argumentos não servem: a política no feminino ou a última tese de uma especialista americana em gender studies "provando" que, por causa da biologia, as mulheres são melhores decisoras do que os homens. Podemos esquecer coisas destas e tentar pensar sobre o assunto.
Logo a abrir, a ideia de que as mulheres não são um grupo minoritário, ao qual se atribuem direitos que se negam às outras minorias, mas uma maioria sub-representada na política. Mas não só o fundamento teórico para a criação das quotas é de facto a obrigação de reconhecer direitos a um grupo como a representação política não se coaduna com divisões de género. Não se elegem mulheres para representar mulheres. Presumo que o objectivo de quem quer a paridade não é chegar a um parlamento de grupos. Grupos, e grupos excluídos, há muitos.
A seguir vem a crença esperançosa na vocação das mulheres para certas áreas políticas, como as sociais. Não preciso lembrar o que dizia Thatcher do Estado-Providência. E, já agora, não digam que Thatcher era um homem ou que as mulheres são todas assistenciais e solidárias. De resto, também não convence o princípio de que as quotas são um mal transitório. Mas o que significa, neste contexto, transitório? A escassez de mulhe- res na política é um problema cultural e a cultura não muda transitoriamente. Dez anos? Vinte? Duas legislaturas? Quanto tempo?
Em quarto lugar, as quotas femininas simplificam o recrutamento de mulheres com mérito, desde logo porque impõem esse recrutamento. Mas alguém acredita na veracidade da ideia? O que vai acontecer é que a selecção das mulheres reproduzirá os mesmos vícios do recrutamento partidário que tem favorecido os homens. Resta a vontade de corrigir no topo (no acesso aos cargos políticos) os erros da base : a sujeição e indignidade de algumas mulheres em Portugal. Os defensores da paridade são uns optimistas.
1 comentário:
Viva!
Obrigada pela sua visita. Ainda bem que gosta da Callas e de Jessie Norman. Para além da lendária Callas, esta Jessie é extrordinária. Tenho um CD dela, com "Frauenliebe und Leben" (Amores e Vida de uma Mulher) do Schumann, que é de um veludo forte e de um vibrato, do outro mundo!Mas também gosto do Fischer-Dieskau e do Mathias Goerne (falta o trema). E tmbém gosto da Hermínia e da Amália e de vozes masculinas. Reparei que também gosta de ópera, pois claro; é aí que para além de tudo o resto se juntam as coloraturas do baixo ao soprano. É o Universo, que nenhuma religião ou filosofia é capaz de mostrar...
Ainda bem que há gente, na casa dos 20, que gosta destas coisas.Parabéns.
Quanto às paridades,não acredito nas "qualidades" de uns ou de outros. Onde é que li recentemente:"Quando acabamos de nascer, mostram-nos logo, como é."? Isto é válido para o masculino e para o feminino". Nunca vi nenhum baby-boy vestido de cor-de-rosa.
Para mim é a tal questão do ´"mérito". Haja para toda a gente, independentemente do "gender" direito à pascovice, ao oportunismo, ao lugar-comum, à demagogia barata da maior parte dos parlamentaristas -homens do mundo.Por que as mulheres hão-de salvar o mundo? Mais uma utopia parola.Por que as mulheres têm que ser excepcionais para atingirem lugares cimeiros de representatividade?
Veja lá, isto tudo dava quase uma "posta" no meu blog.
Beijocas
Vivi
Enviar um comentário