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domingo, outubro 28, 2012

FELIZ DIA MUNDIAL DA TERCEIRA IDADE




"Velhos, reformados, desempregados, simples, desocupados, dão, lá como podem, à dobradiça e vêm ajudar a fazer de Lisboa um jardim, como pede, tão oportunamente, a Câmara, a quem gira só ou acompanhado. A ajuda que pessoalmente dou a esse iniciativa, enquanto não entro, também eu, a "fazer jardim", é levar o meu pai, todas as tardes, ao que fica mais perto de casa. A minha mulher, a Hortência, vai, depois, buscá-lo. O que acontece é que, às vezes, se esquece dele. Trazido por alguém, o velho chega, já frio, ao nosso lar e tristemente desabafa:
- No tempo em que a Câmara pedia que puséssemos sardinheiras à janela era melhor. Não tínhamos de sair de casa... É um ingrato, para não dizer é um munícipe dos reles!"
 
Texto de Alexandre O'Neill com fotografia de Alberto Peixoto, in: "Fotos de "A Capital" - Texto de Alexandre ='Neill - Cota Biblioteca Nacional - L 54669 V
 
 

terça-feira, abril 24, 2007

Alexandre O'Neill



O amor é o amor

O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?..

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? -
espírito e calor!
O amor é o amor - e depois?!



Alexandre O´Neill
Poesias Completas
1951/1981
Biblioteca de Autores Portugueses
Imprensa Nacional Casa da Moeda

domingo, maio 22, 2005

A Fronteira - Texto de Alexandre O'Neill - Jornal "A Capital"


Alexandre O'Neill - Clique na Imagem
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"Numa situação-fronteira, como esta, vale mais ter graça do que andar armado. Prazenteira como parece, esperará a mulher que a reboquem por mau estacionamento? O Largo das Duas Igrejas é um dos postos mais apropriados para quem vive de esmolas. Passa por aqui muita gente, muito boa e muito má consciência. A mulher está no seu posto. Como os painéis publicitários, os sinais de trânsito, etc. Que quer dela o agente da autoridade? Desalojá-la para que outro pobre, com mais direitos, venha ocupar o seu lugar? Afastá-la momentaneamente para que passe um nutrido grupo turístico? Nunca se saberá. A não ser indo lá e experimentando..."
Texto de Alexandre O'Neill com fotografia de Alberto Peixoto, in: "Fotos de "A Capital" - Texto de Alexandre ='Neill - Cota Biblioteca Nacional - L 54669 V

Planta o teu velho num jardim - Alexandre O'Neill - Jornal "A Capital"


Alexandre O'Neill - Clique na Imagem
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"Velhos, reformados, desempregados, simples, desocupados, dão, lá como podem, à dobradiça e vêm ajudar a fazer de Lisboa um jardim, como pede, tão oportunamente, a Câmara, a quem gira só ou acompanhado. A ajuda que pessoalmente dou a esse iniciativa, enquanto não entro, também eu, a "fazer jardim", é levar o meu pai, todas as tardes, ao que fica mais perto de casa. A minha mulher, a Hortência, vai, depois, buscá-lo. O que acontece é que, às vezes, se esquece dele. Trazido por alguém, o velho chega, já frio, ao nosso lar e tristemente desabafa:
- No tempo em que a Câmara pedia que puséssemos sardinheiras à janela era melhor. Não tínhamos de sair de casa... É um ingrato, para não dizer é um munícipe dos reles!"
Texto de Alexandre O'Neill com fotografia de Alberto Peixoto, in: "Fotos de "A Capital" - Texto de Alexandre ='Neill - Cota Biblioteca Nacional - L 54669 V