O novo álbum de Aldina Duarte –
ou será o primeiro audiobook de Aldina Duarte? – é uma daquelas criações de
génio. Perfeito na escrita, perfeito na interpretação, perfeito na produção
musical e estética.
Da primeira à décima quarta
canção conta-se uma história escrita pela mão inconfundível de Maria do Rosário
Pedreira. Tem todos os ingredientes que se espera numa narrativa fadista: um
triângulo amoroso, com episódios de amor e desamor, a amizade, a inimizade, a
tristeza, a alegria, quadros pitorescos de uma Lisboa (ou de um Portugal) que
ainda existe e até uma doença que serve de (re)união entre uma loira e uma
morena. A tensão e o interesse da história vão em crescendo. É impossível
saltarmos uma faixa, porque ninguém salta um capítulo de um livro.
A interpretação de Aldina é
fascinante… certeira. Tem um peso extraordinário quando a narrativa assim o
exige, tem amor e carinho, tem rasgos de desespero e ironia sem fim (tão boa a
faixa 5 – Fada (e podia ser Fado) do Lar ou a faixa 7 – O Recado).
Eu que andava já meio desgostoso
com a falta de surpresas e da capacidade de me espantar com um disco fado, eis
que chega estes Romance(s).
E como se não bastasse um espanto
em forma de CD de Fado, eis que temos um segundo presente, um segundo CD, em
forma… nem sei como caracterizar… “pop”, será? (eu sou muito mau em
caracterizar géneros musicais). Mas eu explico.
O CD2 tem exactamente o mesmo
alinhamento. É a mesma história mas contada de forma diferente. Não só por
Aldina como por alguns convidados. Tem outra sonoridade, tem outra intensidade,
tem o mesmo rasgo de genialidade musical.
Se o CD1 é intimista, para uma
leitura auditiva solitária, o CD2 convida a uma jantarada, uns bons amigos e copos de vinho e play na aparelhagem para todos seguirem a história e vibrarem
com ela.
Enfim, não digo mais. O
entusiasmo é grande e as palavras faltam. Oiçam… leiam… dancem…
Poesia da melhor e interpretação
superior num só disco. Já vai rareando.
Obrigado Aldina Duarte e Maria do
Rosário Pedreira.
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