segunda-feira, maio 11, 2015

Aldina Duarte - Romance(s) ou o audiobook de Maria do Rosário Pedreira interpretado por Aldina Duarte


O novo álbum de Aldina Duarte – ou será o primeiro audiobook de Aldina Duarte? – é uma daquelas criações de génio. Perfeito na escrita, perfeito na interpretação, perfeito na produção musical e estética.

Da primeira à décima quarta canção conta-se uma história escrita pela mão inconfundível de Maria do Rosário Pedreira. Tem todos os ingredientes que se espera numa narrativa fadista: um triângulo amoroso, com episódios de amor e desamor, a amizade, a inimizade, a tristeza, a alegria, quadros pitorescos de uma Lisboa (ou de um Portugal) que ainda existe e até uma doença que serve de (re)união entre uma loira e uma morena. A tensão e o interesse da história vão em crescendo. É impossível saltarmos uma faixa, porque ninguém salta um capítulo de um livro.

A interpretação de Aldina é fascinante… certeira. Tem um peso extraordinário quando a narrativa assim o exige, tem amor e carinho, tem rasgos de desespero e ironia sem fim (tão boa a faixa 5 – Fada (e podia ser Fado) do Lar ou a faixa 7 – O Recado).

Eu que andava já meio desgostoso com a falta de surpresas e da capacidade de me espantar com um disco fado, eis que chega estes Romance(s).
 
E como se não bastasse um espanto em forma de CD de Fado, eis que temos um segundo presente, um segundo CD, em forma… nem sei como caracterizar… “pop”, será? (eu sou muito mau em caracterizar géneros musicais). Mas eu explico.

O CD2 tem exactamente o mesmo alinhamento. É a mesma história mas contada de forma diferente. Não só por Aldina como por alguns convidados. Tem outra sonoridade, tem outra intensidade, tem o mesmo rasgo de genialidade musical.

Se o CD1 é intimista, para uma leitura auditiva solitária, o CD2 convida a uma jantarada, uns bons amigos e copos de vinho e play na aparelhagem para todos seguirem a história e vibrarem com ela.

Enfim, não digo mais. O entusiasmo é grande e as palavras faltam. Oiçam… leiam… dancem…

Poesia da melhor e interpretação superior num só disco. Já vai rareando.

Obrigado Aldina Duarte e Maria do Rosário Pedreira.

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