terça-feira, abril 21, 2015

Da construção da Maternidade Alfredo da Costa




Assim, a construção da maternidade entrou num período de orçamentos insuficientes e previsões impossíveis, por longos anos.

Subitamente, num dia memorável, Augusto Monjardino foi abordado por um grande benemérito, Rovisco Pais, que pediu anonimato até à sua morte, e lhe entregou um donativo de mil e quinhentos contos. O impulso que esta verba deu à comissão traduziu-se no desenvolvimento da construção.
Mas a maternidade, estando quase pronta, faltava o “quase” e o recheio. Para tal, contribuiu muito o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Bettencourt Rodrigues, que conseguiu, pelas reparações de guerra, o fornecimento de grande parte do mobiliário, máquinas e outro equipamento, no valor de cerca de oitocentos mil marcos-ouro. Contudo, a obra não podia dar-se concluída e foi nessa altura que Oliveira Salazar, ministro das Finanças, a visitou demoradamente. Costa Sacadura conta um curioso episódio dessa visita:

Esse homem de Estado, silenciosamente, vai tudo observando e ouvindo. De longe em longe, faz umas pequenas perguntas, pede um rápido informe. Não devia ter dito, nesse detida visita, mais do que duas dezenas de palavras, ao todo. À saída, ao despedir-se, atirou com uma derradeira interrogação:
- Quanto julgam os senhores que é preciso para terminar os trabalhos e a maternidade principiar a funcionar?
- Mil contos!
Nem pestanejou. E nem observou coisa alguma. Silenciosamente, distribuiu secos apertos de mão e partiu.
Dias depois, comunica-me o Dr. Augusto Monjardino:
- O sr. Dr. Oliveira Salazar fazia-lhe notar que ele poderia saber muito – não o duvidava – de cirurgia e de ginecologia, mas pouco de contas. Pois eram precisos não mil contos mas mil e quatrocentos contos. E publicava a portaria com a dotação assim anunciada.

Deste modo, a maternidade foi acabada e inaugurada no dia 05 de Dezembro de 1932, com o nome de Dr. Alfredo da Costa, aquele que sonhou e em toda a sua vida profissional lutou, para que ele viesse a existir.

In: Omnia Sanctorum - Histórias da História do Hospital Real de Todos-os-Santos e seus sucessores. Edição By The Book.

1 comentário:

Natalia disse...

estou a come;car a gostar :)