(Interior da Pastelaria Lobo)
Vim passar uns dias a Viseu. Instalado na casa da minha irmã, acompanhado com as minhas maravilhosas sobrinhas, sinto-me bem. Viseu tem algo que me põe para cima, que me alegra e me comove.
Ando pelas ruas, sozinho, e parece que as percorro como se fosse a primeira vez.
A verdade é que desde que me lembro de existir que venho à cidade de Viriato. Passando na infância e adolescência todas as férias em Santa Cruz da Trapa - São Pedro do Sul -, Viseu nunca me foi estranha.
Fosse para visitar familiares, para ir à Feira de São Mateus no Verão ou simplesmente passear, era uma ida sempre obrigatória. "Temos de ir à cidade", dizia-se.
Mas é com o meu avô que as recordações de Viseu mais se avivam, homem nascido nestas paragens.
Antigo Governador Civil desta cidade, conheci-a como ninguém. À cidade e às pessoas. Marcaram-me para sempre as idas ao Hotel Grão Vasco almoçar, a ida primeira ao Museu Grão Vasco, o seu velório numa capela da cidade.
Mas as recordações que mais sabor e cheiro têm, são as da ida à Confeitaria Lobo, bem no centro. A montra dos bolos, o cheiro reconfortante, os vidros trabalhados e pintados, as pessoas. Mas, mais do que tudo, os Pastéis de Feijão, que há anos que não os comia.
Resolvi ir até lá. Fiquei parado à porta uns momentos, com medo que as anteriores recordações fossem deturpadas por uma nova ordem, por um outro café que não fosse aquele que conheci.
Mas entrei. O ambiente é o mesmo. As mesmas montras, o meus conforto, o mesmo género de clientela, a mesma decoração. Sentei-me. Pedi um chá preto e, a medo, dois pasteis de feijão.
Quando vieram, trinquei desconfiado o primeiro pastel. Num ápice recuei para os meus 8 anos de idade e voltei a ter a companhia do meu avó bem ao meu lado.
Felizmente, existem ainda coisas que não mudaram...
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