Depois de um belo jantar no restaurante Namur, acompanhado por três pessoas que me são muito queridas - Ligia (que já viciei em Aldina), o Pedro (viciámo-nos ao mesmo tempo em Aldina) e a Cristina (que ficou viciada hoje em Aldina), fomos até à Culturgest, em Lisboa, para assistir ao concerto Crua de Aldina Duarte.
Como já várias vezes referi, não morro de amores por aquela sala de espectáculos. Mas assim que entrei na Culturgest, deparei-me logo com Ana de Sousa Dias, Carlos Vaz Marques e Eduardo Prado Coelho. Adivinhei logo uma noite especial. Pelo menos uma noite entre "amigos". De lembrar que Aldina Duarte deu a Ana de Sousa Dias uma entrevista que me ficará na memória como um dos momentos mais especiais que alguma vez vi em televisão. Eduardo Prado Coelho penso que terá sentido o mesmo, pois acabou por escrever uma crónica exactamente sobre essa entrevista. Carlso Vaz Marques também já entrevistou a Aldina para a TSF numa belissima conversa que recomendo oiça através do site www.tsf.pt ou aqui mesmo no meu blog em http://conversamuitaconversa.blogspot.com/2005/05/aldina-duarte-culturgest-dia-3-de.html. Uma coisa em comum entre os três: renderam-se ao encanto timido e genuino de Aldina Duarte.
Entrámos na sala, dirigimo-nos para a segunda fila ao centro (que lugares tão bem escolhidos) e esperámos até ao inicio do concerto.
Tudo o resto foi magia. Qualquer tentativa de tentar exprimir o que se viveu e sentiu naquela sala ficará sempre muito áquem das emoções experimentadas.
Aldina conseguiu reduzir uma sala grande e fria a um recanto confortável, intimo, onde parecia que ela cantava apenas para cada um dos Eu que estavam a assistir ao concerto.
Com um figurino muito bonito, xaile preto aos ombros, Aldina cantou com a Alma, a força e a emoção que a caracterizam. Belíssima no rosto e na expressão... e no sorriso. Seduzia à dança discreta do Fado, batendo por vezes o pé, marcando o ritmo. As palavras dos poetas que cantou saiam ora doces, sussurradas, ora violentas, emocionadas.
A cumplicidade entre Aldina e os seus (excelentes) músicos foi, mais uma vez, uma das coisas que me comoveu. A troca de olhares, de sorrisos. A aproximidade corporal entre Aldina (não sei se por necessidade) e os seus músicos leva-os a fundirem-se, não sendo três mas apenas um, quem no palco nos encanta. Veio-me à cabeça durante o espectáculo a imagem de uma Pietá... assim me parece ser a união dos músicos com a fadista.
Imagem extraordinária de beleza foi aquela em que as franjas do xaile de Aldina se emaranharam (não sei se a fadista terá dado por isso) na lágrima da guitarra. Guitarrista e Fadista unidos pelos seus simbolos: a Guitarra e o Xaile.
Aldina cantou segura, sentida de Lisboa, do Fado, do Amor e do Sangue (fossem as franjas do xaile encarnadas e era sangue que escorria entre os seus dedos). Fados como a A Estação das Cerejas, Anjo Inutil, A Estação dos Lirios, Ai Meu Amor se Bastasse, Deste-me Tudo o Que Tnhas, entre outros, levaram a sala ao rubro.
Grande parte dos fados Aldina cantou-os sentada. Forma mais dificil de cantar mas que parece não ser um impedimento para a fadista, que demonstra assim toda a sua técnica, brilhantismo e voz. E muita sensualidade na postura.
A direcção cénica - desta vez - foi muito bem conseguida (excepção feita, talvez, ao compasso de espera que o sobe e desce dos cenários provocavam). O desenho de luzes irrepreensivel.
No final foi o que se imagina: muitas palmas, de pé, e uma sensação de "soube a pouco". Porque é que aquilo que realmente amamos e nos eleva dura sempre tão pouco... ou, pelo menos, assim parece?
Magia, palavra que resume a noite passada... embora tenha sido bem mais do que isso.
Parabéns Aldina Duarte. Bravo.
5 comentários:
Parabéns Aldina!
Noite formidável!
Chorei... muito... Senti que tudo o que me vai na alma saiu cá para fora com a voz da Aldina Duarte. Obrigado!
Belo texto ,que descreve tão bem tudo o que se passou naquela sala de espectaculos .
Obrigada
Carlota Joaquina
Que inveja... :-(
Simão Rubim
Querido dani: quando for a um espectáculo de tanta qualidade, lembre-se deste seu amigo tão pouco conhecedor daquilo que se passa no mundo do espectáculo - um mundo que o meu amigo parece ser um connaisseur muito atento e selectivo.
Abraços
zé maria
Teria sido mais simpático terem distribuído umas lâmminas à entrada, não teria sido tão sofrido! Obrigado!
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