TEATRO
Por Mário Viegas
Um beijinho no actor Simão Rubim
Na última crónica que escrevi, fui de uma violência verbal enorme contra uns pseudo-intelectuais. Aquilo é que foi dizer mal e destilar veneno!!
Hoje (só para variar) apetece-me só dizer bem. E, para dizer bem de «pessoas de Teatro», passo a citar:
CARLOS AVILEZ – Encenador e actual Director do Teatro Nacional Dona Maria Dois e fundador, há 30 anos (com outros amigos Actores), do Teatro Experimental de Cascais, onde eu me estreei em 16 de Janeiro de 1968, como Actor profissional. Perdoem-me a efeméride!...
Este homem ama, de facto, o Teatro como poucos! Há muitos anos que vou ver os espectáculos do T.E.C. e lá está sempre o Carlos, à porta, a ver entrar e sair o público. A ver se gostaram ou não... A controlar os espectáculos... Agora no Dona Maria Dois, sucede o mesmo!! Ele lá está, diariamente no átrio ou no restaurante, a viver os espectáculos. Só assim se pode ser um grande homem de Teatro!!
Fazendo do Teatro a sua casa e dos seus amigos. Que bonito!
EUNICE MUÑOZ – Vão vê-la na peça «O Caminho para Meca». Que humildade, aparente simplicidade, que bonita!! Obrigado pelo seu comovedor Trabalho, que acompanho há anos, Eunice!!!
«A Humildade deve ser a 1ª qualidade de um Actor»
Ora aqui estão dois belos exemplos, num meio teatral em que qualquer «menina ou menino», fazem um reclame na TV, dizem 6 frases numa telenovela e numa peça que ninguém vê e se permitem logo «cagar sentenças» sobre o Teatro entrevistas... Ou, pior do que isso, identificarem-se como Actores. São logo Actores...
Mas dentro do reino da Humildade e da Simplicidade, gostaria de dizer bem do:
SIMÃO RUBIM – Está na Companhia Teatral do Chiado há cinco anos. Fez, muitíssimo bem, 4 papéis lindíssimos em peças do Eduardo De Fillippo que eu encenei: «Nápoles Milionária», «A Arte da Comédia» e «A Grande Magia». Foi o protagonista de «A Birra do Morto» de Vicente Sanches e prepara-se agora para ser um dos protagonistas de «O Homem-Elefante», o nosso próximo espectáculo. Tem-me ajudado em tudo: bilheteira, programas, traduções (fala perfeitamente o inglês), produções, luzes, sei lá...
E sabem como eu o reconheci?!
Fui passar uma semana a Londres com o Actor Juvenal Garcês, para ver Teatro. E não é que Dustin Hoffman, o famoso super-star do Cinema, estava a fazer «O Mercador de Veneza» no Teatro Phoenix, em pleno centro de Londres. Esgotadíssimo há semanas, claro!!! Lembrei-me de ir espreitar o final do espectáculo, para lhe pedir um autógrafo, à porta dos artistas. Podem pensar que é piroso, mas foi mesmo assim!! Bem, estavam lá mais de 100 pessoas com a mesma ideia: japoneses, meninas histéricas com máquinas fotográficas, e até uma senhora de bengala, sentada numa cadeira de lona, mesmo em frente da porta...
Esperamos aí uns 45 minutos. Saiam outros actores, técnicos, etc. Fecharam a luz das traseiras do Teatro e ficou tudo frustradíssimo. Eis que aparece o director do Teatro, acompanhado por 2 guarda-costas do Dustin Hoffman, de aspecto sinistro. Um era forte, rabo de cavalo, óculos escuros. Outro alto, magro, cara com borbulhas, óculos escuros. Dois verdadeiros «gangsters»... E diz:
«-Desculpem, mas o senhor Dustin Hoffman já saiu por outra porta, pois está muito cansado esta noite».
Desilusão e fúria total. Houve uns assobios e eu, como bom português e no meu péssimo inglês, avanço e digo-lhes provocatóriamente:
«-E nós também estamos muito cansados de estar, aqui ao frio, à espera do Sr. Hoffman!»
Logo os dois «guarda-costas» avançaram para mim e o magrinho tira os óculos e põe-me a mão no braço:
«-Olha!! Tu não és o Mário Viegas?! Eu sou português. De Cascais. Comecei a fazer Teatro no TEC, com o Avillez. E agora estou aqui a trabalhar neste Teatro».
Logo nessa noite eu, o Juvenal Garcês e o Simão, ficamos amigos para sempre. E este homem apareceu-nos, um ano depois, em Lisboa, para inaugurar connosco a Companhia Teatral do Chiado em 1990. Já tinha conseguido fazer uma peça em Londres, figurações em Óperas, pequenos papéis numa óptima série da BBC, trabalhando em hotéis, como porteiro e como «pseudo-guarda-costas» de Hoffman. E mais grave ainda, ter sido aceite numa das melhores escolas de Teatro inglesas, o que é dificílimo!!
É com estas pessoas AMIGAS, HUMILDES, TALENTOSAS; que se constrói uma Companhia... Um Espectáculo. E não com pretensiosos e medíocres, que proliferam cada vez mais no nosso Teatro, Televisão e Cinema. Que até apresentam falsas biografias e cursos tirados «lá fora»...
Bem... Hoje é só para dizer bem!
Obrigado Simãozinho! (Pela tua Humildade e Talento)
Obrigado Eunice! (Pela sua Luz para Meca)
Obrigado Carlos! (Pelo seu Amor aos Actores)
P.S. – Atenção! Esta croniqueta não tem nada a ver com o nosso Joaquim d’Almeida, mais conhecido pelo «Quim d’Hollywood», ou com o nosso Filipe La Féria, que escreveu um «curriculum» num programa do Dona Maria, a dizer que tinha um Curso de Encenação tirado em Londres, quando só lá esteve uns tempos a servir à mesa num restaurante... o que, aliás não é vergonha.
Por Mário Viegas
Um beijinho no actor Simão Rubim
Na última crónica que escrevi, fui de uma violência verbal enorme contra uns pseudo-intelectuais. Aquilo é que foi dizer mal e destilar veneno!!
Hoje (só para variar) apetece-me só dizer bem. E, para dizer bem de «pessoas de Teatro», passo a citar:
CARLOS AVILEZ – Encenador e actual Director do Teatro Nacional Dona Maria Dois e fundador, há 30 anos (com outros amigos Actores), do Teatro Experimental de Cascais, onde eu me estreei em 16 de Janeiro de 1968, como Actor profissional. Perdoem-me a efeméride!...
Este homem ama, de facto, o Teatro como poucos! Há muitos anos que vou ver os espectáculos do T.E.C. e lá está sempre o Carlos, à porta, a ver entrar e sair o público. A ver se gostaram ou não... A controlar os espectáculos... Agora no Dona Maria Dois, sucede o mesmo!! Ele lá está, diariamente no átrio ou no restaurante, a viver os espectáculos. Só assim se pode ser um grande homem de Teatro!!
Fazendo do Teatro a sua casa e dos seus amigos. Que bonito!
EUNICE MUÑOZ – Vão vê-la na peça «O Caminho para Meca». Que humildade, aparente simplicidade, que bonita!! Obrigado pelo seu comovedor Trabalho, que acompanho há anos, Eunice!!!
«A Humildade deve ser a 1ª qualidade de um Actor»
Ora aqui estão dois belos exemplos, num meio teatral em que qualquer «menina ou menino», fazem um reclame na TV, dizem 6 frases numa telenovela e numa peça que ninguém vê e se permitem logo «cagar sentenças» sobre o Teatro entrevistas... Ou, pior do que isso, identificarem-se como Actores. São logo Actores...
Mas dentro do reino da Humildade e da Simplicidade, gostaria de dizer bem do:
SIMÃO RUBIM – Está na Companhia Teatral do Chiado há cinco anos. Fez, muitíssimo bem, 4 papéis lindíssimos em peças do Eduardo De Fillippo que eu encenei: «Nápoles Milionária», «A Arte da Comédia» e «A Grande Magia». Foi o protagonista de «A Birra do Morto» de Vicente Sanches e prepara-se agora para ser um dos protagonistas de «O Homem-Elefante», o nosso próximo espectáculo. Tem-me ajudado em tudo: bilheteira, programas, traduções (fala perfeitamente o inglês), produções, luzes, sei lá...
E sabem como eu o reconheci?!
Fui passar uma semana a Londres com o Actor Juvenal Garcês, para ver Teatro. E não é que Dustin Hoffman, o famoso super-star do Cinema, estava a fazer «O Mercador de Veneza» no Teatro Phoenix, em pleno centro de Londres. Esgotadíssimo há semanas, claro!!! Lembrei-me de ir espreitar o final do espectáculo, para lhe pedir um autógrafo, à porta dos artistas. Podem pensar que é piroso, mas foi mesmo assim!! Bem, estavam lá mais de 100 pessoas com a mesma ideia: japoneses, meninas histéricas com máquinas fotográficas, e até uma senhora de bengala, sentada numa cadeira de lona, mesmo em frente da porta...
Esperamos aí uns 45 minutos. Saiam outros actores, técnicos, etc. Fecharam a luz das traseiras do Teatro e ficou tudo frustradíssimo. Eis que aparece o director do Teatro, acompanhado por 2 guarda-costas do Dustin Hoffman, de aspecto sinistro. Um era forte, rabo de cavalo, óculos escuros. Outro alto, magro, cara com borbulhas, óculos escuros. Dois verdadeiros «gangsters»... E diz:
«-Desculpem, mas o senhor Dustin Hoffman já saiu por outra porta, pois está muito cansado esta noite».
Desilusão e fúria total. Houve uns assobios e eu, como bom português e no meu péssimo inglês, avanço e digo-lhes provocatóriamente:
«-E nós também estamos muito cansados de estar, aqui ao frio, à espera do Sr. Hoffman!»
Logo os dois «guarda-costas» avançaram para mim e o magrinho tira os óculos e põe-me a mão no braço:
«-Olha!! Tu não és o Mário Viegas?! Eu sou português. De Cascais. Comecei a fazer Teatro no TEC, com o Avillez. E agora estou aqui a trabalhar neste Teatro».
Logo nessa noite eu, o Juvenal Garcês e o Simão, ficamos amigos para sempre. E este homem apareceu-nos, um ano depois, em Lisboa, para inaugurar connosco a Companhia Teatral do Chiado em 1990. Já tinha conseguido fazer uma peça em Londres, figurações em Óperas, pequenos papéis numa óptima série da BBC, trabalhando em hotéis, como porteiro e como «pseudo-guarda-costas» de Hoffman. E mais grave ainda, ter sido aceite numa das melhores escolas de Teatro inglesas, o que é dificílimo!!
É com estas pessoas AMIGAS, HUMILDES, TALENTOSAS; que se constrói uma Companhia... Um Espectáculo. E não com pretensiosos e medíocres, que proliferam cada vez mais no nosso Teatro, Televisão e Cinema. Que até apresentam falsas biografias e cursos tirados «lá fora»...
Bem... Hoje é só para dizer bem!
Obrigado Simãozinho! (Pela tua Humildade e Talento)
Obrigado Eunice! (Pela sua Luz para Meca)
Obrigado Carlos! (Pelo seu Amor aos Actores)
P.S. – Atenção! Esta croniqueta não tem nada a ver com o nosso Joaquim d’Almeida, mais conhecido pelo «Quim d’Hollywood», ou com o nosso Filipe La Féria, que escreveu um «curriculum» num programa do Dona Maria, a dizer que tinha um Curso de Encenação tirado em Londres, quando só lá esteve uns tempos a servir à mesa num restaurante... o que, aliás não é vergonha.
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