O Panorama – Jornal Litterario e Instructivo da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis
23 de Setembro de 1837, Ano I, Nº 21, Cota BN J. 155 B
“OS SINOS
O indagar a origem dos sinos e a sua historia não nos parece coisa de pequena curiosidade. Os antigos usavam delles não só para misteres prophanos, mas também para os sagrados. Estrabão nos diz que a hora do mercado era indicada por um sino; e Plínio refere que de roda do sepulchro de certo rei antigo da Toscana estava pendurada uma fieira de sinos. Em Roma era costume marcar a hora do banho, tocando uma sineta: os guardas nocturnos traziam-na também, e servia para acordar os servos nas casas dos grandes e ricos. Trazia o gado chocalhos para metter medo aos lobos, ou antes para lhes servirem de amuletos. Esta usança, que ainda hoje dura, nos faz recordar dos tempos antigos. Geralmente se crê que Paulino, bispo de Nola, foi o primeiro que introduziu nas igrejas o uso dos sinos, pelos annos de 400 da nossa era. Antigos historiadores nos referem que o bispo de Orleans, estando na cidade de Sens, que se achava cercada, fez fugir o exercito sitiador mandando tocas os sinos da igreja de Santo Estêvão; prova evidente de que ainda neste tempo não eram geralmente conhecidos em França.
O indagar a origem dos sinos e a sua historia não nos parece coisa de pequena curiosidade. Os antigos usavam delles não só para misteres prophanos, mas também para os sagrados. Estrabão nos diz que a hora do mercado era indicada por um sino; e Plínio refere que de roda do sepulchro de certo rei antigo da Toscana estava pendurada uma fieira de sinos. Em Roma era costume marcar a hora do banho, tocando uma sineta: os guardas nocturnos traziam-na também, e servia para acordar os servos nas casas dos grandes e ricos. Trazia o gado chocalhos para metter medo aos lobos, ou antes para lhes servirem de amuletos. Esta usança, que ainda hoje dura, nos faz recordar dos tempos antigos. Geralmente se crê que Paulino, bispo de Nola, foi o primeiro que introduziu nas igrejas o uso dos sinos, pelos annos de 400 da nossa era. Antigos historiadores nos referem que o bispo de Orleans, estando na cidade de Sens, que se achava cercada, fez fugir o exercito sitiador mandando tocas os sinos da igreja de Santo Estêvão; prova evidente de que ainda neste tempo não eram geralmente conhecidos em França.
Os primeiros sinos de grande dimensão, falla delles Beda, no anno 680. Antes deste período em muitas partes da Europa usavam os christãos primitivos de matracas para reunir a congregação dos fieis.
As campainhas começaram provavelmente a apparecer nas procissões religiosas, e foram depois usadas pelos músicos seculares. As sinetas nem sempre se traziam nas mãos: ás vezes as tinham penduradas, e as tocavam com matellos: n’alguns manuscriptos se encontra o rei David pintado no principio do livro dos Psalmos, tocando-as dessa maneira. Era costume na idade media festejar a chegada dos reis, ou pessoas distinctas, tocando os sinos das igrejas, costume que até ao século presente se perpetuou entre nós.
Corriam-se os sinos dos mosteiros antigamente com cordas, cuja extremidade era adornada de anneis de bronze ou de prata: tocavam-nos a principio os monges, ficou depois esta incumbência aos criados, ou aos que não podiam fazer outra coisa, como, por exemplo, os cegos.
Na igreja catholica os sinos baptizam-se e benzem-se dando-se-lhe ordinariamente o nome de algum sancto. O ritual deste ceremonia encontra-se no pontifical romano.
Cria-se d’antes que ao dobrarem os sinos pelos defunctos, quanto maior fosse o sino, tanto mais longe fugiria o diabo. De sorte que para arredar o espírito diabólico pagavam-se grossas sommas a troco de dobrar o sino grande da cathedral quando morria qualquer pessoa.
Eis-aqui o pezo (em Libras) respectivo dos principaes sinos da Europa:O da imperatriz Anna, em Moscow - 432:000
O de Boris Goniduff, em Moscow - 288:000
Sino grande de Novogorod - 70:000
Sino d’Amboise, em Ruão - 40:000
Sino de Vienna - 30:000
Sino grande de Oxford - 18:000
Sino grande de S. Paulo de Londres - 11:000
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