É altamente improvável, nesta altura, que Mário Soares venha a ser o novo Presidente da República. As razões são várias, mas faça-se, apesar de tudo, o desconto dos imprevistos, mudanças de atitude, dificuldades e acontecimentos que tudo podem mudar. Em todo o caso, e se as eleições fossem agora, Soares perderia, à primeira volta, e irremediavelmente
1. Cavaco vai avançar, depois das autárquicas, e o clima político de grande desânimo, depressivo e de desconfiança nos políticos leva a que os eleitores se revejam num perfil como o do ex-PM, austero, credível, e com um capital acumulado de desempenho notável, que mais ninguém tem. A hora faz o vencedor. Soares teria outras hipóteses se este Governo tivesse cumprido o que prometeu e se o País estivesse a regressar ao seu melhor.
2. Soares é um has been, e os portugueses, mesmo os da sua cor e simpatia, gostariam de ver outras alternativas. É isso a democracia alternativa e a ideia fundamental de que todos têm a hipótese de chegar lá. O País não pode ficar refém do passado, por muito que esse fantasma resida na nossa consciência colectiva. Soares foi bom, foi tudo, e chega.
3. O aparecimento de outras candidaturas, mesmo que desistam à última hora, não ajudará o candidato Mário Soares. Haverá dispersão da mensagem, ataques mútuos, e o tempo de tapar os olhos e votar em Soares já passou. A história não se repete, por muito que se sonhe com isso.
4. A forma como Manuel Alegre, e os seus apoiantes, foi tratado não augura nada de bom para um eleitorado mais de esquerda do PS. E em teoria até se poderia dar o caso de Soares não avançar à última hora, depois de um sono bem dormido, e Alegre fazer a sua birra, com toda a razão, deixando o PS sem eira nem beira.
5. Por último, a colagem ao Governo ou o apoio de Sócrates a uma candidatura de Mário Soares não parece ser, nesta fase, um factor catalisador. Pelo contrário. Se há insatisfação, descontentamento e desilusão, isso deve-se ao Executivo e às suas entradas de leão e saídas de sendeiro. O Governo não é um balão de oxigénio para Soares, mas um incêndio descontrolado que só o pode queimar.
Luis Delgado, Diário de Noticias de 25 de Agosto de 2005
1. Cavaco vai avançar, depois das autárquicas, e o clima político de grande desânimo, depressivo e de desconfiança nos políticos leva a que os eleitores se revejam num perfil como o do ex-PM, austero, credível, e com um capital acumulado de desempenho notável, que mais ninguém tem. A hora faz o vencedor. Soares teria outras hipóteses se este Governo tivesse cumprido o que prometeu e se o País estivesse a regressar ao seu melhor.
2. Soares é um has been, e os portugueses, mesmo os da sua cor e simpatia, gostariam de ver outras alternativas. É isso a democracia alternativa e a ideia fundamental de que todos têm a hipótese de chegar lá. O País não pode ficar refém do passado, por muito que esse fantasma resida na nossa consciência colectiva. Soares foi bom, foi tudo, e chega.
3. O aparecimento de outras candidaturas, mesmo que desistam à última hora, não ajudará o candidato Mário Soares. Haverá dispersão da mensagem, ataques mútuos, e o tempo de tapar os olhos e votar em Soares já passou. A história não se repete, por muito que se sonhe com isso.
4. A forma como Manuel Alegre, e os seus apoiantes, foi tratado não augura nada de bom para um eleitorado mais de esquerda do PS. E em teoria até se poderia dar o caso de Soares não avançar à última hora, depois de um sono bem dormido, e Alegre fazer a sua birra, com toda a razão, deixando o PS sem eira nem beira.
5. Por último, a colagem ao Governo ou o apoio de Sócrates a uma candidatura de Mário Soares não parece ser, nesta fase, um factor catalisador. Pelo contrário. Se há insatisfação, descontentamento e desilusão, isso deve-se ao Executivo e às suas entradas de leão e saídas de sendeiro. O Governo não é um balão de oxigénio para Soares, mas um incêndio descontrolado que só o pode queimar.
Luis Delgado, Diário de Noticias de 25 de Agosto de 2005
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