Estreou na passada quinta-feira, no TEATRO ESTÚDIO MÁRIO VIEGAS, a nova peça de teatro - PARIS É UMA MIRAGEM - do inglês John Godber.
A encenação é de Juvenal Garcês (director e co-fundador da Companhia Teatral de Chiado) e conta com a dupla Manuel Mendes (também actor do maior sucesso de sempre na história do teatro em Portugal - As Obras Completas de William Shakespeare em 97, ainda em cena) e de Sofia Duarte Silva.
É mais uma aposta ganha da CTC para este Verão de 2005. O texto é simples e sem grandes "ensinamentos", contando com a excelente tradução de Gustavo Rubim e Victor de Andrade.
Um casal de Cruz de Pau, ele desempregado e ela empregada numa loja de desporto, passam o tempo em frente ao televisor, amorfos, enquanto refilam um com o outro. Ele, tenta ser pintor. Ela, devora revistas cor-de-rosa e responde, compulsivamente, a todos os concursos que lhe aparecem à frente. Milagrosamente, ganha um fim de semana romântico na cidade das Luzes. E este é o mote para o desenrolar da acção.
De guia túristico em punho, tentam sorver o máximo que podem de Paris e daquilo que esta cidade tem para oferecer, nomeadamente para os turistas.
Ela, uma tonta sonhadora. Ele, um bronco desconfiado, armado em Manuel Maria Carrilho, ou seja, julgando-se filósofo.
A mistura é explosiva e bem conseguida, havendo momentos de um enorme humor e de genuína gargalhada.
As interpretações são altamente convincentes, estando cada um dos actores à medida do papel a desempenhar.
Mas o melhor da peça é encontrarmos Juvenal Garcês ao mais alto estilo e em excelente forma. As soluções de encenação encontradas para os diversos ambientes em que a acção se desenrola foram muito bem conseguidas, proporcionando momentos de puro deleito.
Diga-se que o cenário é apenas constituido por duas cadeiras (sempre diferentes, consoante o espaço físico onde os actores se encontram) e uma tela branca. Nesta, vão sendo projectadas imagens (slides), criando ou materializando o espaço físico onde a acção decorre. Ainda levamos, como bonús delicioso, uma surpreendente actuação de Samantha Rox (Transformista no "Finalmente", em Lisboa) ao som de "I Am, What I Am". O gosto e a pertinência das imagens, tratadas por Luís Rocha, são de salientar.
E, como já é hábito nos espectáculos de Juvenal Garcês, é de se elogiar a excelente "banda sonora" que acompanha toda a peça, ouvindo-se as vozes de Jacques Brel, Dalida e Edith Piaf. Alguém já se lembrou de convidar Juvenal Garcês para fazer um programa de rádio? Porque é impressionante o cuidado e o bom-gosto das músicas com que sempre acompanha as suas encenações. Parabéns.
Inesperado é o fim destinado a cada uma das personagens. Uma mudança de personalidade da qual se pode, ou talvez não, tirar alguma lição ou "ensinamento". Mas não vou contar o que quero dizer com isto.
É um espectáculo de puro entretenimento, próprio para o calor da estação de veraneio. Aconselha-se vivamente.
Para mais informações consulte:
Por último, não podia deixar de referir o excelente trabalho na execução do Programa da peça, como é aliás habitual na Companhia Teatral do Chiado.
Vá ao Teatro (do bom)... divirta-se.
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