O que aqui vou escrever não é nem pretende ser uma critica de teatro, mas sim a minha impressão, a minha opinião.
Ontem fui assistir à representação da peça levada a cabo por Filipe La Feria - A Minha Tia e Eu, com José Pedro Vasconcelos e Fernanda Borsatti.
A sala estava composta. A plateia estava lotada e parte das galerias também.
Sobe o pano. Começa a peça.
Primeira observação: faltaram as Pancadinhas de Molière, hoje em dia substituidas na maior parte dos teatros pela voz gravada de um senhor ou de uma senhora a pedir "que se desliguem bip's e telemóveis" e a desejarem-nos um bom espectáculo". É uma pena que já não se oiçam as tradicionais pancadas e, pena maior, que seja necessário haver alguém que lembre o público que tem de desligar os ditos telemóveis. Numa sociedade educada, civilizada e habituada a ir a espectáculos tal não deveria ser preciso. Era algo que já deveriam fazer por instinto ou por respeito. Mas qual quê??? E já agora, podiam também avisar as pessoas que não é permitido fazer barulho com os papelinhos dos rebuçados "Bolas de Neve" ou tentar participar na peça quando não se é solicitado, acabando as falas dos actores ou dizendo alto e bom som o que se passa em palco. Porque raio é que alguém tem de gritar bem alto que a açcão da peça se passa no Inverno, se tal é mais que óbvio pois neva em palco e estamos a visualizar uma árvore de Natal bem na nossa frente? Enfim.... interactividade nada a propósito.
O texto da peça parece-me bom embora não o ache excelente nem muito original.
O J. P. Vasconcelos, embora não sendo actor, consegue aguentar minimamente o papel, o suficiente para que a peça não se torne enfadonha e monotona.
Fernanda Borsatti faz caretas a mais (estilo final de rábulas nos "Malucos do Riso) e nas poucas falas que tem ao longo da representação consegue não convencer. Vale-lhe a cara "cómica" que tem (confesso que nem eu sei se dizer isto é um elogio ou não).
Horrivel durante toda a peça é a mania que existe no Teatro Politeama de terem duas ou três pessoas pertencentes ao Staff do teatro a incentivar às palmas e, ainda por cima, sempre nos momentos errados ou nada a propósito. As palmas ou as ovações devem surgir espontaneamente. São como que o mercúrio existente no termometro que nos indica em que estado "febril" se encontra a sala de espectáculos. Ora ter um idiota qualquer a bater palmas, ainda por cima vindas sempre do mesmo local da sala (reggie), para que toda o público depois o acompanhe, é passar um atestado de estúpidez quer aos actores quer à assistência mais atenta às manobras de diversão "à la La Feria".
Mas o que me pareceu mais grave na peça foi o público e, acima de tudo, a incompreensão deste em relação à acção que se representava. Entendi pelo que se passou ontem que grande parte das pessoas só deve conceber um genéro de representação em palco. Se é comédia é comédia e só se ri. Se é drama é drama e só se chora. Parece que não concebem que hajam dois géneros misturados, com os seus momentos próprios.
Numa das cenas mais bem conseguidas da peça, estando finalmente a personagem de Fernanda Borsatti morta no seu leito, de braço estendido para fora da cama, e com J. P. Vasconcelos sentado a seu lado, numa ânsia de receber aquele carinho que nunca teve, a ternura há muito apetecida mas nunca dada, coloca na mão da defunda (de respiração ofegante) uma escova de cabelo e tenta desesperado passá-la pelo seu cabelo. No momento mais dramático da peça, ouviram-se gargalhadas e comentários. Estranho? Não vi nada nessa cena que me desse vontade rir. Nem a quem foi comigo assistir à representação.
Tal como há cada vez mais quem não compreende o que lê... também há quem cada vez mais quem não compreende o que vê. E isto é muito grave.
4 comentários:
- É grave? E agora, Sr. Doutor? O Doutor esfrega o alto da cabeça com o dedo, com um olhar vago. Nem ele próprio saberá a resposta.
De facto JP Vasconcelos não é actor, mas também não se pode dizer que seja apenas o co-apresentador do real-celebrity-show da TVI. Muito antes disso tinah surgido em pequenos papéis televisivos, tipo inspector Max, ou Uma Aventura. Penso mesmo que numa novela. Mas é claro que não faz dele um actor.
é de facto Actor e trabalha coisa que estes amigos deste triste blog não fazem concerteza. O JP Vasconcelos é actor a mais de dez anos e estudou para isso. Conservatorio. Sabem o q é? bem me parecia!Cheira me que este blog é escrito por alguem amante de e no chiado.Bj vosso .
Ter o Conservatório não faz dele um actor. Tantos que têm o Conservatório e que são grandes nódoas a representar. Até porque, tanto quanto sei, o conservatório faz tudo menos ensinar a representar ou levar os estudantes a conhecer os grandes dramaturgos. Mas esta discussão não tem aqui cabimento.
Tanto quanto sei esta é a primeira peça de J. P. Vasconcelos no Teatro. O que é grave... se já tem o curso há dez anos...
por acaso Danies, esta n é a 1ª peça do JPV no teatro. Aliás, basta comprar o programa do espectaculo para ver o curriculo dele. Mesmo com gralhas, as peças estão lá todas. Eu sei porque já produzi uma peça onde ele entrou.
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