quarta-feira, abril 06, 2005

João Paulo II e Rainier

Num espaço de apenas uma semana padeceram o Papa João Paulo II e o Príncipe Rainier do Monáco.

O primeiro detinha o Poder Espiritual. O segundo o Poder Temporal.
Ambos governavam apartir de pequenos Estados, menores que algumas cidades mais pacatas do nosso Portugal.

O Papa João Paulo II simbolizava aquilo que de melhor os humanos podiam ter/ser no seu interior, ao nível do espírito. Pregou a paz entre os homens, a caridade e a necessidade da ajuda ao próximo, abraçou políticos e assassínos (há algumas diferenças de espécie entre estes dois vocábulos), doentes e saudáveis, novos e velhos, mostrando-nos desta forma que todos somos iguais; encheu estádios e descampados, de maneira a fazer corar um qualquer Rock In Rio ou comício de Alberto João Jardim na Madeira (pequeno Estado em que a figura do soberano, à semelhança de Isabel II de Inglaterra, encerra em si o Poder Espiritual e o Poder Temporal), converteu Maria de Jesus Barroso do Socialismo para o Catolicismo e foi um dos responsáveis pela criação e aumento do número de pombas brancas no planeta, devendo ter sido, a meu ver, condecorado com a honra de Sócio Honorário da Quercus ou do Clube de Caça Desportiva do Crato. Colocou assim o Vaticano, de novo, no centro do mundo, local de peregrinação para milhares e milhares de homens e mulheres de todos os continentes (que são cinco). Segundo consta, tal também acontece porque João Paulo II nunca mandou encerrar as casas de banho públicas que servem a Praça de São Pedro, erro crasso cometido no Santuário de Fátima que deixou assim de figurar na "biblia dos alegres" - Spartacus - que, como alguns saberão, é o roteiro turístico campeão de vendas em todo o Mundo. E tudo isto em redor do símbolo da Cruz.

Homem notável... mas Rainier não lhe ficou atrás.
Representava tudo aquilo a que o Homem poderia ascender na vida material, o que poderia ser no seu exterior.

Rainier reuniu também os homens em uma mesma mesa onde no centro se figura o símbolo da Roleta. Ajudou os pobres e oprimidos, os falidos e deprimidos, oferecendo-lhes empréstimos a serem gastos nos Casinos Grimaldi.

Mas também abraçou os doentes (a começar pela filha mais nova), os artistas de circo (tendo acolhido um deles para seu genro), as estrelas de cinema (acolheu também uma, transformando-a na Nossa Senhora de Fátima do Monáco, tendo como pastorinho vidente Alfred Hitchcock) e todos os demais cujos braços de João Paulo II não chegaram. E arrastou multidões com o Grand Prix du Monáco - Formula 1.

Para mim estas duas mortes foram um sinal da divina providência. Assim como que a lembrar... nem João Paulo II nem Rainier devem ser imitados no seu extremo. É preciso um equílibrio, uma fusão. Espiritual e Material não têm de ser opostos, mas podem e devem ser complementares. Porque ter-se fé quando se tem fome é dor. E ter-se dinheiro sem se ter fé é nada.
Danies

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei imenso deste texto, com imenso sentido de humor. Só falta mesmo a referência à Grace Kelly, que na minha opinião foi quem de facto transformou o rochedo num diamante, atraindo aí o glamour de Hollywood, mas também os grandes artistas mundiais: Maria Callas, Margot Fonteynm, Rudolph Nureyev. Não sei se chegou a conhecer Amália, mas a Maria Teresa de Noronha chegou lá a cantar...