segunda-feira, novembro 10, 2008

Miriam Makeba 1932 - 2008



Miriam Makeba morre após concerto anti-máfia

A cantora sul-africana Miriam Makeba, conhecida como "Mama Africa", morreu domingo à noite em Itália ao sair do palco, depois de ter actuado num concerto de apoio a um jornalista ameaçado de morte pela máfia napolitana.

A agência noticiosa italiana ANSA referiu que Makeba terá sofrido um ataque cardíaco no final do concerto, em que participaram vários artistas e que foi dedicado ao jornalista e escritor italiano Roberto Saviano, ameaçado pela Camorra.

"Ela foi a última a subir ao palco, depois de vários outros cantores. Houve uma chamada ao palco, e nesse momento alguém perguntou aos microfones se havia um médico na assistência. Miriam Makeba tinha desmaiado", relatou.

Cerca de um milhar de pessoas assistiram ao concerto em Caltel Volturno, considerado um dos bastiões da máfia napolitana e onde seis imigrantes e um italiano foram abatidos em condições obscuras em Setembro passado.

Roberto Saviano é autor do best-seller "Gomorra", um livro sobre a Camorra que foi adaptado ao cinema e mereceu o prémio do júri no último festival de Cannes, além de ter sido escolhido para representar a Itália nos Óscares.

Convertida num dos símbolos da luta anti-"apartheid", Miriam Makeba, nascida em Joanesburgo em 04 de Março de 1932 e cujo título "Pata, Pata" a tornou conhecida em todo o mundo, sempre defendeu nas suas canções o amor, a paz e a tolerância.

A cantora, a quem chamavam "a imperadora da canção africana" deixou a África do Sul em 1959.

Viveu no exílio durante 35 anos nos Estados Unidos, França, Guiné e Bélgica antes do seu emotivo regresso a Joanesburgo em 1990, quando regressaram muitos exilados sul-africanos ao abrigo de reformas instituídas pelo então presidente F.W. de Klerk.

"Nunca percebi por que é que não podia voltar ao meu país", disse Makeba quando regressou: "Nunca cometi nenhum crime".

Sul-Africanos homenageiam a cantora

Sul-Africanos de todas as origens e dos mais diversos pontos do país têm prestado homenagem à cançonetista.

Numa nota distribuída, a ministra dos Negócios Estrangeiros sul-africana, Zuzama Nzuma, descreveu Miriam Makeba como "uma das melhores cançonetistas de todos os tempos que morreu a fazer o que sabia fazer melhor: a comunicar uma mensagem positiva através da arte do canto".

"Ao longo de toda a sua vida Mama Makeba comunicou uma mensagem positiva ao mundo sobre a luta do povo sul-africano e sobre a certeza da vitória sobre as forças sombrias do apartheid e colonialismo através da suas canções", conclui a nota de condolências do governo e do presidente Kgalema Motlanthe.

2 comentários:

Anónimo disse...

E a Yma Sumac, que afinal estava viva e morreu entretanto?!?

Anónimo disse...

Adoro esta mulher! E conheci-a nos idos anos 80 através de um outro grande cantor, Paul Simon!
E que bela maneira de morrer! A seguir a um concerto :-) Melhor deve ser difícil!

Simão