domingo, maio 20, 2007

Jorge de Sena


Amo-te muito, meu amor, e tanto
que, ao ter-te, amo-te mais, e mais ainda
depois de ter-te, meu amor. Não finda
com o próprio amor o amor do teu encanto.
Que encanto é o teu? Se continua enquanto
sofro a traição dos que, viscosos, prendem,
por uma paz da guerra a que se vendem,
a pura liberdade do meu canto,
um cântico da terra e do seu povo,
nesta invenção da humanidade inteira
que a cada instante há que inventar de novo,
tão quase é coisa ou sucessão que passa...
Que encanto é o teu? Deitado à tua beira,
sei que se rasga, eterno, o véu da Graça.
22/2/1954 - Jorge de Sena - As Evidências

2 comentários:

Anónimo disse...

Ai, obrigada! Tb te amo mto! ;)

Aldina Duarte disse...

Como pode caber tanto talento num só Homem?

Até sempre