Capa do disco de Filipa Cardoso. Um nome a fixar e uma voz a adorar
Ontem - 2ª feira - tive uma noite inesperada. Depois de um jantar com dois amigos num restaurante chinês nas Avenidas Novas, fui levado - sem nenhum sacrificio, diga-se - até ao Restaurante Sr. Vinho, a Casa de Fados de Maria da Fé.
Foi a minha estreia.
Depois de uma recepção calorosa por parte dos responsáveis do Restaurante, sentámo-nos a uma mesa de canto, protegidos por duas belas estatuetas em madeira de Santa Anna e de Santo António. Pediram-se cafés e uma belissima sangria.
Estavamos em amena cavaqueira quando as luzes da sala quase se apagaram, e os primeiros acordes das guitarras começaram a soar. Aparece a primeira fadista da noite - Filipa Cardoso ( Vencedora da " Grande Noite do Fado" de 2004 ).
Um assombro. Uma autêntica alma de fadista espelhada na postura do corpo, na voz forte e no sentimento colocado na dureza das palavras cantadas. Quatro belissimos fados foram o arranque de uma noite de emoções fortes.
Terminada a actuação de Filipa Cardoso - que se pode também ver na Revista, no Parque Mayer - a conversa retomou o seu caminho, a sangria foi desaparecendo, os cigarros ardendo nos cinzeiros.
Pouco depois, começa a cantar António Zambujo, guitarrista da casa. Uma voz delico-doce, um pouco a puxar "para baixo", com bonitas letras de fado, embora intermináveis. Encanta mas não emociona.
Vem depois a dôr de alma maior. A senhora detentora da Voz, do Fado e da Força que não entendo de onde vem - Maria da Fé.
Três fados, entre eles o célebre "Cantarei até que a voz me doa". Nessa altura estava a nossa mesa aterrada, comovida, esmagada pelos sentimentos que daquela voz maior transparecem, pelo belo que o seu perfil à meia-luz nos afigura, pelo facto de a idade ser, sem dúvida, uma mais valia imensissima para as emoções do fado.
Quando as luzes se acenderam e as ovações terminaram, reinou o silêncio por uns momentos à mesa; todos a recuperar o folgo, mais um trago na sangria e mais um cigarro que ajudasse a colocar no seu andamento correcto o bater do coração, que estava descontrolado. A noite estava mais que ganha.
No fim da noite, já com apenas a minha mesa e outra, canta Vanessa Alves. Fadista nova, de voz mediana e uma postura algo sui-generis.
Uma experiência a repetir e a recomendar. No Sr. Vinho enche-se o espirito de som, de poesia, de emoções... enche-se a alma de um optimismo estranho, porque tudo nos parece mais belo, mais perfeito.
4 comentários:
Após leitura do seu comentário relativamente ao Senhor Vinho, onde adorou os nossos artistas ( talvez não tivesse escutado todos ).
Agradecemos veementemente a sua opinião, estranhando no entanto não incluir a Maria da Fé, na lista dos seus artistas preferidos.
Muito Obrigado
Tem toda a razão no que diz. Mas a explicação é simples. Comecei a ouvir Maria da Fé após a minha visita ao Sr. Vinho, tendo já adquirido parte da discografia que existe em CD e outros em Vinil. A razão porque não consta da minha lista é devido à falta de actualização da mesma pela minha parte. Irei rectificar desde já.
e ouvi-la online, pode-se onde?
Foi ontem para mim também uma estreia a casa de fados Sr. Vinho, fiquei incredula com o talento das jovens fadistas Vanessa Alves e Filipa Cardoso. Tenho pena de não saber o nome dos dois senhores que actuaram , pois uma vez que não são apresentados não sabemos quem são, e para muitos estrangeiros presentes pior ainda. Adorei um Sr. que cantou o Fado de Coimbra e lamento não saber o seu nome.
Amei e passei a ficar fã do Fado.
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