quarta-feira, dezembro 20, 2006

Recordar "Quino"





Nascido em 17 de Julho de 1932 na cidade argentina de Mendoza, Joaquin Salvador Lavado é, sob o nome artístico de Quino, o criador de Mafalda. Faz o seus estudos artísticos na Universidade Nacional de Cuyo e instala-se em Buenos Aires a partir de 1954. Envereda pela carreira de ilustrador e desenhador humorístico, colaborando profusamente na imprensa do seu país ('Esto Es', 'Avivato', 'Qué', 'Leoplàn', 'Vea y Lea', 'Cuatro Patas', 'Rico Tipo', 'Siete Dias', etc.).
Em 1964 faz uma incursão única na banda desenhada e cria Mafalda, publicada inicialmente em 'Primera Plana' e, depois, em 'El Mundo' e 'Siete Dias'.

Apesar do sucesso retumbante desta criação — que é objecto de divulgação em muitos países do mundo —, Quino abandona definitivamente a sua personagem em 1973, não mais voltando ao mundo dos quadradinhos. Consagra-se desde então por inteiro ao desenho de humor, onde continua a dar até hoje a dar expressão ao seu finíssimo sentido de observação do mundo envolvente. A sua vasta obra está disponível em língua portuguesa (Edições Dom Quixote e Bertrand Editora). Ao contrário de outras bandas desenhadas que põem crianças em cena (caso dos Peanuts, por exemplo), Mafalda não é o retrato traumatizado e neurótico de uma geração inadaptada, mas um microcosmos onde se confrontam sonhos e angústias pessoais, mas também aspirações e inquietações colectivas.

Através do traço simples e eficaz de Quino, Mafalda é uma banda desenhada politica e socialmente comprometida com o seu tempo. Numa época em que o mundo dos adultos era incessantemente posto em causa pelas gerações mais novas, que aspiravam a um futuro diferente, as histórias de Mafalda eram uma outra forma de mostrar a manipulação e a moldagem das consciências individuais através de instrumentos tão temíveis como os meios de comunicação de massa (e, à cabeça de todos, a televisão), a escola ou a autoridade do Estado.

Texto: Luis Euripo (Revista do Consumidor)

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