quinta-feira, setembro 29, 2005


Simone de Oliveira deu uma grande entrevista à revista "Sénior Fórum Magazine", de Setembro. A revista, confesso, não a conhecia. Comprei-a porque tinha a Simone... e não me arrependi. Além da enorme e franca entrevista ao grande ícone musical português, a revista conta com artigos muito interessantes e diversos.
Mas a minha intenção é deixar-vos aqui um excerto da entrevista com Simone de Oliveira que, apesar de ser dito com o seu jeito caracteristico, não deixa de tocar em aspectos politicos muito pertinentes. Ora leiam e comentem:
"É preciso uma geração mais jovem na política."
Sénior Fórum Magazine - Cantora, actriz, entrevistadora em rádio ou televisão...
Simone de Oliveira - Faço tudo com a mesma paixão. Gosto muito de fazer programas em directo, detesto fazer gravado.
SFM - Porque acabou o seu programa na SIC Mulher?
SO - Foi um contrato de seis meses e acabou. Mas percebo que é por não ser muito cómoda. Não visto nenhuma camisola a não ser a minha.
SFM - Nem em política?
SO - Sempre votei PS, mas agora não o vou fazer para a Câmara de Lisboa.
SFM - Desiludida com o PS?
SO - Não, eu desiludo-me é com as pessoas. Não quer dizer que não vá votar. Vou votar e fui à apresentação da candidatura de Carmona Rodrigues. É apoiado pelo PSD, mas não é no PSD que eu vou votar, é em Carmona, que tem uma postura que me parece bem. Fui ao lançamento da candidatura: quando Marques Mendes falava do PSD, eu não batia palmas, quando falava do Carmona Rodrigues e eu concordava, então sim.
SFM - Aqui há uns tempos abandonou um jantar do PSD.
SO - Não cheguei a entrar. Não sabia que era um jantar político. Embora mantenha que o dr. Pedro Santana Lopes sempre tratou a Simone de Oliveira muitíssimo bem. Disseram-me que era um jantar sobre a cultura e eu fui, mas quando cheguei percebi que era campanha eleitoral. Ora, a pessoa que me convidou sabia que eu ia no dia seguinte fazer um vídeo de campanha para José Sócrates. Saí. Dou-lhe outro exemplo. Há poucas semanas, telefona para a minha assistente um dos candidatos à Câmara de Cascais pelo PS: 'Eu queria que a Simone fosse mandatária da minha candidatura'. 'Mas ela não vive em Cascais'. 'Não tem aqui uma casa de praia?' 'Não, nunca teve uma casa de praia em lado nenhum. Simone mora em Lisboa, já escolheu um candidato e deu-lhe o seu apoio'. 'Mas podia ser que ela quisesse vir aqui'. Acha isso normal?
Estão fartos de me telefonar por causa das presidenciais. Eu digo 'não' ao Mário Soares e não é pela idade. É uma figura incontornável da democracia portuguesa. Mas outra vez PR? Arranjem uma geração de políticos mais novos para isto andar para a frente!
SFM - Cavaco Silva?
SO - Não votarei. Não devo, não sou capaz. Por convicção. Que apareça um terceiro que dê credibilidade. Tem de aparecer uma geração mais nova que se interesse por política.
SFM - Sócrates desiludiu-a?
SO - Estas medidas todas estão a ser muito difíceis de engolir. Não sei de política o suficiente, nem os trâmites internacionais e da UE. Mas sou portuguesa e não foi para isto que o D. Afonso Henriques andou a bater na mãe. Ainda no outro dia o director de programas da RTP, Nuno Santos, falava sobre a Eurovisão e dizia que não há problema em os portugueses cantarem em inglês. Então não é um festival da canção, é um espectáculo musical da Europa. E ele responde que o inglês é como o esperanto... Uma das características de um país é a língua. A língua, a bandeira, o hino e o Presidente da República são símbolos, quer se goste ou não. Oh, senhores! Mandem o fado, mandem a Mariza com as guitarras e uma grande orquestra. É como a outra ministra da Cultura: 'detesto fado, mas gosto da Amália' escrito nos jornais todos. Percebe o meu inferno diário?
SFM - Carrilho, não?
SO - Carmona pode não ganhar, mas eu espero que não ganhe o Carrilho. Toda a vida votei PS, mas há cedências que não faço. Participei na campanha do general Eanes, do Soares e fui mandatária para a Emigração do Sampaio. Olho para Carrilho e não quero tê-lo como presidente da Câmara de Lisboa. O Ruben de Carvalho, do PCP, conheço-o da casa do Ary e é claro que o PCP tem de ter candidato. O outro senhor, que é independente, é uma canseira, com o túnel para cima e para baixo, já não se aguenta. Às três por quatro manda fechar o túnel e tirar o Marquês de Pombal mais para cima. Ou atapetar o Tejo porque incomoda um bocadinho. Não há pachorra! Não há trabalho de continuidade. De cada vez que muda um, muda tudo: o candeeiro estava ali, passa para acolá. Por isso, Lisboa está como está."

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta do Sá Fernandes mandar atapetar o Tejo é genial, não é, Daniel?
Eu apoiei-o, mas também desconfio que era homem para isso...
;)