Luís de Carvalho
O Verão e as férias são momentos ideais para constatar as peculiaridades do país que temos.
Estava eu na praia, eram 6 da tarde, e verifico que o nadador-salvador começava a recolher o material de salvação. Olhei em redor e vi a praia a abarrotar de gente, o dia estava esplendoroso, quente, mais pareciam 4 horas. É verdade que neste barlavento sem levante o mar está chão e os perigos, estando lá, parecem não existir. Também é verdade que se alguma emergência houvesse mais valia apostar na hipótese, razoável, de lá estar algum médico ou enfermeiro, do que ficar à espera que aquele jovem magnificamente bronzeado percebesse alguma coisa de primeiros-socorros.
Mas nada disso está em causa, o que me importunou foi ver naquela atitude, de adiantar o arrumar da casa para que às 19 horas, em ponto, o dito pudesse dar o salto rumo à folia, a atitude dos portugueses. E naquele caso nem se pode dizer que o dia tenha sido trabalhoso, mas enfim, trabalho é sempre trabalho. Mas vi na atitude daquele miúdo muitas coisas que estão mal e que, na sua diminuta dimensão, me relembraram outras, que estando igualmente mal, mas tendo uma outra dimensão, mostram de forma demasiado evidente como isto está tudo tão decrépito.
Desde logo diga-se que a atitude daquele jovem se confunde com o paradigma que temos do “funcionário público”. Mas a verdade é que aquele jovem não é um funcionário público. Assim, fica a pergunta: afinal quantos “funcionários públicos” tem este país? A verdade verdadinha é que tem muitos, muitos mais do que aqueles 700.000 de que se fala sempre que se quer encontrar uns quantos bodes expiatórios para as crises e para os défices. E, no entanto, uns melhores que outros, a verdade é que são muitos desses 700.000, de quem se contam anedotas e se ridiculariza, que todos os dias fazem trabalhar os hospitais, as escolas, os tribunais, que abrem e cuidam dos museus, que protegem o ambiente, que enviam os magros cheques da segurança social para milhões de idosos deste país, que patrulham as ruas à noite correndo risco de vida. Do outro lado estão as empresas e os empresários que buscam o lucro e que não olham a meios para o conseguirem. Uns quantos querem fazer-nos acreditar que se o país for entregue a estes torna-se melhor. Tanga! A verdade é que nestas “empresas” muitas coisas e muitas pessoas funcionam mal, e aquelas que aparentemente funcionam bem, porque dão lucro e sobem de cotação na bolsa, podem afinal estar a consegui-lo pelas piores razões.
Em suma, não é só o Estado que está mal, nem é só o Estado o culpado pelo estado a que isto chegou. E aqueles que nos querem convencer do contrário são os primeiros a saber o “porquê” e os primeiros a beneficiar do estado de tudo isto.
Olhando em redor a verdade é que chegamos à triste conclusão que este é o país do “meio mé”. A expressão, que me ocorre, vem da do ditado popular:”Nem mé, nem meio mé…”.
É que as ovelhas deste país nem se dão sequer ao trabalho de balir o “mé” todo.
O Verão e as férias são momentos ideais para constatar as peculiaridades do país que temos.
Estava eu na praia, eram 6 da tarde, e verifico que o nadador-salvador começava a recolher o material de salvação. Olhei em redor e vi a praia a abarrotar de gente, o dia estava esplendoroso, quente, mais pareciam 4 horas. É verdade que neste barlavento sem levante o mar está chão e os perigos, estando lá, parecem não existir. Também é verdade que se alguma emergência houvesse mais valia apostar na hipótese, razoável, de lá estar algum médico ou enfermeiro, do que ficar à espera que aquele jovem magnificamente bronzeado percebesse alguma coisa de primeiros-socorros.
Mas nada disso está em causa, o que me importunou foi ver naquela atitude, de adiantar o arrumar da casa para que às 19 horas, em ponto, o dito pudesse dar o salto rumo à folia, a atitude dos portugueses. E naquele caso nem se pode dizer que o dia tenha sido trabalhoso, mas enfim, trabalho é sempre trabalho. Mas vi na atitude daquele miúdo muitas coisas que estão mal e que, na sua diminuta dimensão, me relembraram outras, que estando igualmente mal, mas tendo uma outra dimensão, mostram de forma demasiado evidente como isto está tudo tão decrépito.
Desde logo diga-se que a atitude daquele jovem se confunde com o paradigma que temos do “funcionário público”. Mas a verdade é que aquele jovem não é um funcionário público. Assim, fica a pergunta: afinal quantos “funcionários públicos” tem este país? A verdade verdadinha é que tem muitos, muitos mais do que aqueles 700.000 de que se fala sempre que se quer encontrar uns quantos bodes expiatórios para as crises e para os défices. E, no entanto, uns melhores que outros, a verdade é que são muitos desses 700.000, de quem se contam anedotas e se ridiculariza, que todos os dias fazem trabalhar os hospitais, as escolas, os tribunais, que abrem e cuidam dos museus, que protegem o ambiente, que enviam os magros cheques da segurança social para milhões de idosos deste país, que patrulham as ruas à noite correndo risco de vida. Do outro lado estão as empresas e os empresários que buscam o lucro e que não olham a meios para o conseguirem. Uns quantos querem fazer-nos acreditar que se o país for entregue a estes torna-se melhor. Tanga! A verdade é que nestas “empresas” muitas coisas e muitas pessoas funcionam mal, e aquelas que aparentemente funcionam bem, porque dão lucro e sobem de cotação na bolsa, podem afinal estar a consegui-lo pelas piores razões.
Em suma, não é só o Estado que está mal, nem é só o Estado o culpado pelo estado a que isto chegou. E aqueles que nos querem convencer do contrário são os primeiros a saber o “porquê” e os primeiros a beneficiar do estado de tudo isto.
Olhando em redor a verdade é que chegamos à triste conclusão que este é o país do “meio mé”. A expressão, que me ocorre, vem da do ditado popular:”Nem mé, nem meio mé…”.
É que as ovelhas deste país nem se dão sequer ao trabalho de balir o “mé” todo.
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