terça-feira, julho 19, 2005

Carlos Queiroz

APELO À POESIA

Por que vieste? - Não chamei por ti!
Era tão natural o que eu pensava
(Nem triste nem alegre, de maneira
Que pudesse sentir a tua falta...)
E tu vieste
Como se fosses necessária!

Poesia! nunca mais venhas assim:
Pé-ante-pé, cobardemente oculta
Nas ideias mais simples,
Nos mais ingénuos sentimentos:
Um sorriso, um olhar, uma lembrança...
- Não sejas como o Amor!

É verdade que vens como se fosses
Uma parte de mim que vive longe,
Presa ao meu coração
Por um elo invisível;
Mas não regresses mais sem que eu te chame
- Não sejas como a Saudade!

De súbito, arrebatas-me, através
De zonas espectrais, de ignotos climas;
E, quando desço à vida, já não sei
Onde era o meu lugar.
Poesia! nunca mais venhas assim
- Não sejas como a Loucura!

Embora a dor me fira, de tal modo
Que só as tuas mãos saibam curar-me,
Ou ninguém, senão tu, possa entender
O meu contentamento,
Não venhas nunca mais sem que eu te chame
- Não sejas como a Morte!

1 comentário:

AnaP disse...

Muito obrigada pela visita! Também virei cá mais vezes e farei um comentário como deve ser :)