Resposta ao Pescador
por António Maria Eusébio (Calafate) - 1820/1911
Tu pescas e eu apanho
Quanto tu pescas eu caço,Tu pescas para o teu chalrão,
Eu apanho para o meu laço.
Glosa
Tu rapaz eu rapariga
Tu petiscas e eu petisco,Tu no mar pescas marisco
E eu em terra apanho espiga.
Tu de cu e eu de barriga,
Se banhas também eu banho,
Tu perdes, eu sempre ganho,
Tu tens pau e eu tenho a risca,
Tu tens pesca e eu tenha a isca,
Tu pescas e eu apanho.
Tu em certas madrugadas
Fazes a pesca geral,E eu dentro de qualquer nabal
Apanho boas nabadas.
Tu pescas coisas salgadas,
Eu apanho algum cabaço,
Tu abaixas o regaço,
Eu sou fêmea e tu és macho,
Eu para cima e tu para baixo
Quando tu pescas eu caço.
Tu és pescador de fé,
Vais pescar a várias partes,E eu vou apanhar tomates
Quando vejo dois num pé.
Para nós sempre há maré,
Nunca falta ocasião,
Com iscas de lingueirão
Vais pescar a qualquer Tejo
Camareiras com badejo,
Tu pescas para o teu chalrão.
Tu pescas peixes taludos,
Na pesca fazes empenho,Eu com um bom laço que tenho
Apanhos pássaros papudos.
São iguais nossos estudos,
É igual o nosso passo,
Com as armadilhas que faço
Tenho a passarada certa,
Tendo a ratoeira aberta,
Eu apanho para o meu laço.
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