Eluana Englaro morreu. Ela estava em coma profundo há 17 anos, depois de um acidente de automóvel. O pai de Eluana pediu ao tribunal autorização para que a filha pudesse morrer em paz. Em Novembro passado, a autorização foi dada. O pai levou Eluana para uma clínica, onde se lhe garantia uma morte sem dor. A Itália dividiu-se. O Governo e a Igreja opuseram-se à morte, e o Presidente Giorgio Napolitano apoiou a decisão do tribunal. Ontem, o jornal Repubblica publicava o testemunho de uma jornalista que entrou no quarto de Eluana, no domingo: "É devastador vê-la." Um corpo em estado vegetativo desde 1992. Na impossibilidade, por lei, de lhe propiciarem activamente a morte, cortaram a água e a alimentação e Eluana morreu na segunda-feira. Uma tragédia entre muitas palavras. A Itália comoveu-se muito mas não vai mudar nada. Eluana morreu no limite do respeito do Estado. E este só se transforma quando alguém, com justiça, lhe faz ver que aquilo que não pode ser, não pode mesmo ser. Eluana devia ter tido direito a morrer mais rapidamente e não na indignidade de lhe tirarem pão e água.
Ferreira Fernandes - Diário de Notícias, 11 de Fevereiro de 2009
Ferreira Fernandes - Diário de Notícias, 11 de Fevereiro de 2009
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