Património. Uma vivenda construída nos anos 50, exemplar da arquitectura do final do movimento modernista, tem um processo de demolição integral e de construção nova em análise na Câmara de Lisboa. Ontem, alguns azulejos de Almada Negreiros foram retirados do imóvel e a autarquia embargou, para já, a remoção de quaisquer objectos
Moradia com processo pendente na CML
Um painel de azulejos da autoria de Almada Negreiros foi ontem parcialmente removido da parede de uma casa no Restelo, em Lisboa. Mas entretanto, o vereador Manuel Salgado, disse ao DN ter dado instruções para o embargo da obra, "até tudo ser esclarecido" .
A moradia, localizada na Rua da Alcolena, 28, foi construída no início dos anos 50 e depois de ter sido vendida pelos herdeiros da original proprietária - Maria da Piedade Mota Gomes - tem actualmente um processo de licenciamento de obra de construção nova em apreciação nos serviços de urbanismo da Câmara de Lisboa, cujo requerente, é a Soindol, Sociedade de Investimentos Dominiais, Lda.
Ontem, perto da hora de almoço, vários operários retiraram alguns azulejos que revestem uma das varandas da casa, com recurso a rebarbadoras. José de Almada Negreiros (filho), acompanhado das suas filhas, netas do artista plástico e autor do Manifesto Anti-Dantas, estavam incrédulos e indignados perante o que viam. "A Polícia Municipal esteve aqui, mas mal saiu, os homens voltaram ao mesmo e nada os parou", disse a familiar do artista. Ao fim da tarde, Helena Roseta, vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa (CPL), deslocou-se ao Restelo para acompanhar de perto a situação e disse ter informado o gabinete da presidência da CML sobre o que se estava a passar. Pouco depois, chegaram elementos da Polícia Municipal que procederam a averiguações e lavraram um auto de notícia.
"O que se está a passar aqui é um atentado ao património, uma barbaridade", disse a vereadora, também arquitecta. "Curiosamente," - e Roseta chamou a atenção para o facto - "este atentado ao património acontece um dia depois de termos pedido o agendamento para discussão em reunião de câmara de uma proposta nossa que defende a abertura de um processo de classificação da moradia como imóvel de interesse municipal". No documento, as vereadoras do CPL defendem ainda a aquisição da casa (numa parceria público-privada), bem como a criação no local de um projecto-piloto de "casa-museu-atelier de artes plásticas". De acordo com Manuel Salgado, a moradia consta do "inventário municipal do património", um anexo ao PDM, facto que para Helena Roseta "implica que nada se possa fazer na casa sem que a câmara se pronuncie". O projecto pendente nos serviços de urbanismo pede a demolição total do imóvel.
Porém, segundo o DN apurou, o promotor e actual proprietário, comprou-a "sem os azulejos incluídos", cumprindo uma exigência do anterior dono. Apesar da tentativa, não obtivemos declarações do promotor até à hora de fecho desta edição.
LUÍSA BOTINAS, Diário de Notícias - 20 de Fevereiro de 2009
Moradia com processo pendente na CML
Um painel de azulejos da autoria de Almada Negreiros foi ontem parcialmente removido da parede de uma casa no Restelo, em Lisboa. Mas entretanto, o vereador Manuel Salgado, disse ao DN ter dado instruções para o embargo da obra, "até tudo ser esclarecido" .
A moradia, localizada na Rua da Alcolena, 28, foi construída no início dos anos 50 e depois de ter sido vendida pelos herdeiros da original proprietária - Maria da Piedade Mota Gomes - tem actualmente um processo de licenciamento de obra de construção nova em apreciação nos serviços de urbanismo da Câmara de Lisboa, cujo requerente, é a Soindol, Sociedade de Investimentos Dominiais, Lda.
Ontem, perto da hora de almoço, vários operários retiraram alguns azulejos que revestem uma das varandas da casa, com recurso a rebarbadoras. José de Almada Negreiros (filho), acompanhado das suas filhas, netas do artista plástico e autor do Manifesto Anti-Dantas, estavam incrédulos e indignados perante o que viam. "A Polícia Municipal esteve aqui, mas mal saiu, os homens voltaram ao mesmo e nada os parou", disse a familiar do artista. Ao fim da tarde, Helena Roseta, vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa (CPL), deslocou-se ao Restelo para acompanhar de perto a situação e disse ter informado o gabinete da presidência da CML sobre o que se estava a passar. Pouco depois, chegaram elementos da Polícia Municipal que procederam a averiguações e lavraram um auto de notícia.
"O que se está a passar aqui é um atentado ao património, uma barbaridade", disse a vereadora, também arquitecta. "Curiosamente," - e Roseta chamou a atenção para o facto - "este atentado ao património acontece um dia depois de termos pedido o agendamento para discussão em reunião de câmara de uma proposta nossa que defende a abertura de um processo de classificação da moradia como imóvel de interesse municipal". No documento, as vereadoras do CPL defendem ainda a aquisição da casa (numa parceria público-privada), bem como a criação no local de um projecto-piloto de "casa-museu-atelier de artes plásticas". De acordo com Manuel Salgado, a moradia consta do "inventário municipal do património", um anexo ao PDM, facto que para Helena Roseta "implica que nada se possa fazer na casa sem que a câmara se pronuncie". O projecto pendente nos serviços de urbanismo pede a demolição total do imóvel.
Porém, segundo o DN apurou, o promotor e actual proprietário, comprou-a "sem os azulejos incluídos", cumprindo uma exigência do anterior dono. Apesar da tentativa, não obtivemos declarações do promotor até à hora de fecho desta edição.
LUÍSA BOTINAS, Diário de Notícias - 20 de Fevereiro de 2009
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